sábado, 22 de junho de 2013

Quase metade da população mundial viverá em áreas com grande escassez de água até 2030, alerta ONU

Para tornar as pessoas mais resilientes a secas, os governos precisam criar planos nacionais coordenados que incorporem a preparação, o monitoramento e os serviços de informação sobre a seca, pediram nesta quinta-feira (14) funcionários das Nações Unidas ao final de uma reunião internacional de alto nível em Genebra.

Foto: FAO/Giulio Napolitano

Em uma declaração conjunta, os chefes da Organização Meteorológica Mundial (OMM), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), além de outros parceiros, afirmaram que “os quadros legais políticos nacionais que melhoram a previsão de seca e tornam esta informação disponível de modo que as comunidades possam agir são indispensáveis”.
Eles observaram que, enquanto as políticas nacionais de seca variam de acordo com as circunstâncias locais de um país, o desenvolvimento sustentável é a chave para comunidades mais resilientes, “permitindo que as famílias escapem da armadilha de depender da ajuda alimentar de emergência”.
A resiliência também torna possível evitar as respostas de curto prazo que degradam a terra e buscar ações que restaurem áreas afetadas pela seca, acrescentaram os funcionários da ONU.
O papel dos agricultores é essenciais na preparação para a seca, afirma a declaração, citando a utilização de variedades resistentes à seca e técnicas que aumentam a fertilidade do solo como formas de aumentar a produtividade e sustentabilidade na agricultura propensa à seca.
“Esses recursos devem ser introduzidos de forma a encorajar os agricultores e outros produtores rurais para que sejam autossuficientes na gestão de variabilidade climática”, disseram.
Desde 1950, terras secas aumentaram quase 2% em todo o mundo por década, segundo dados da declaração.
As secas têm afetado principalmente as regiões do Chifre de África e do Sahel, EUA, México, Brasil, partes da China e da Índia, Rússia e o sudeste da Europa. Além disso, 168 países afirmam ser afetados pela desertificação, um processo de degradação do solo em terras secas que afeta a produção de alimentos e é agravado pela seca.
“A seca é uma das causas mais comuns da falta de alimentos, particularmente em países em desenvolvimento”, disse o Representante Especial do Diretor-Geral da FAO, Ann Tutwiler.
Mais de 11 milhões de pessoas morreram e outras 2 bilhões foram afetadas por secas desde 1900, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR).
“Quase metade da população mundial estará vivendo em áreas com grande escassez de água até 2030”, alertou o Secretário Executivo da UNCCD, Luc Gnacadja.
A reunião ocorreu a poucos dias do Dia Mundial da Água, lembrado anualmente em 22 de março. O tema deste ano é a cooperação internacional, ecoando o Ano Internacional de Cooperação pela Água – comemoração aprovada pela Assembleia Geral da ONU para 2013.

Pior seca dos últimos 50 anos no nordeste brasileiro



O nordeste brasileiro enfrenta em 2013 a maior seca dos últimos 50 anos, com mais de 1.400 municípios afetados. A informação foi anunciada nesta segunda-feira (8) pelo Governo brasileiro. A seca deste ano já é pior do que a do ano passado, também recorde.
Essa realidade, no entanto, não é isolada. A previsão das Nações Unidas é de que até 2030 quase metade da população mundial estará vivendo em áreas com grande escassez de água.

“Já identificamos a tendência de que as temperaturas se elevam no mundo acima do normal. Em novembro de 2012 tivemos o mês de número trezentos e trinta e três em que as temperaturas subiram, seguidamente, acima do normal no século”, diz a Chefe da Equipe de Apoio da ONU sobre Mudança Climática, Marcela Main.

Ela acrescenta que se trata de um problema que ocorre em todos os lugares, sejam países pobres ou ricos. Nos Estados Unidos, 2012 foi considerado o ano mais quente já registrado, enquanto na região do Sahel, na África, repetidas secas causam a escassez de alimentos. “É uma questão para a comida, para a água, para a segurança, para a energia, para tudo”, diz a pesquisadora.

As secas têm afetado principalmente as regiões do Chifre de África e do Sahel, EUA, México, Brasil, partes da China e da Índia, Rússia e o sudeste da Europa. Além disso, 168 países afirmam ser afetados pela desertificação, um processo de degradação do solo em terras secas que afeta a produção de alimentos e é agravado pela seca.

Desde 1950, terras secas aumentaram quase 2% em todo o mundo por década, segundo dados de um declaração conjunta, feita em março deste ano, pelos chefes da Organização Meteorológica Mundial (OMM), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).


Fonte:ONU BR

Pacote contra seca no Brasil tarda a chegar aos 10 milhões de afetados




Anunciado há dois meses pela presidente Dilma Rousseff, o último pacote de medidas contra a seca, estimado em R$ 9 bilhões, demora a chegar ao semiárido.

A entrega de milho atrasou, cisternas estão abandonadas ou apresentam problemas, a oferta de carros-pipa não teve o aumento prometido e apenas 30% dos recursos para perfuração de poços foram liberados.
Diante da maior seca dos últimos 50 anos, que afeta dez milhões de pessoas em 1.418 municípios do norte de Minas Gerais e do Nordeste, foram as poucas chuvas que aliviaram a situação. As precipitações fizeram crescer vegetação rasteira que alimentou os rebanhos, mas foram insuficientes para que houvesse colheita.

Para alimentar os animais, o governo havia prometido enviar 340 mil toneladas de milho em abril e maio.

Nesses dois meses, só 151 mil toneladas (44% do total) foram repassadas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Outras 138 mil toneladas foram enviadas em junho.

Em dez cidades do interior do Ceará que a Folha visitou há duas semanas, produtores rurais diziam que o milho ainda não havia chegado.

Na Bahia, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura também relatou atraso, sobretudo por falhas no transporte e distribuição, sob responsabilidade dos Estados. E, quando o milho chega, há menos do que o previsto.

"Minha cota seria de 20 sacos de milho, mas falaram que só vou ter dez", disse o produtor Francisco Pinheiro, 34, de Milhã (311 km de Fortaleza). Ele e seu pai disseram ter vendido gado a preços baixos porque não tinham alimento para os animais.

CHUVAS

A previsão é que haja ainda menos chuva no semiárido no segundo semestre deste ano. Por isso, a chuva registrada até agora foi importante para encher cisternas.

O governo prometeu entregar 130 mil cisternas até julho e mais 110 mil até dezembro. Há, contudo, problemas nas cisternas de plástico que estão sendo entregues.

Em Canindé (118 km de Fortaleza), a reportagem localizou um depósito com cerca de 200 cisternas expostas ao calor. E moradores, que foram orientados a cavar buracos para as cisternas, esperam pela instalação há mais de três meses. "Gastei R$ 200 para cavar e até hoje a cisterna não veio", diz o agricultor Joaquim da Silva, 73.

Sem chuva, as cisternas dependerão de carros-pipa contratados pelo Exército para distribuir água.

Em abril, havia 4.746 carros-pipa em 777 cidades. Dilma prometeu ampliar a operação em 30%, para 6.170 carros-pipa. Dois meses depois, o Exército tem 5.220 carros-pipa contratados em 808 cidades --aumento de 10%.

A maior fatia do pacote (35%, ou R$ 3,1 bilhões) era uma estimativa de quanto o Planalto deixaria de arrecadar até 2016, ao renegociar a dívida de 700 mil produtores. Foram atendidos 39 mil produtores, com dívidas de R$ 510 milhões, apenas 16% do previsto.

Editoria de Arte/Folhapress


 Fonte: Folha de São Paulo